terça-feira, 25 de dezembro de 2018

SERENIDADE


De repente tudo vai ficando tão simples que assusta.

A gente vai perdendo as necessidades, vai reduzindo a bagagem.

A opinião dos outros, são realmente dos outros, e mesmo que seja sobre nós; não tem importância.

Vamos abrindo mão das certezas, pois já não temos certeza de nada.
E, isso não faz a menor falta.

Paramos de julgar, pois já não existe certo ou errado e sim a vida que cada um escolheu experimentar.

Por fim entendemos que tudo que importa é ter paz e sossego, é viver sem medo, é fazer o que alegra o coração naquele momento. 

E só. 









domingo, 1 de abril de 2018

O LONGO PRAZO PREMIA A FORÇA DE VONTADE

Quem ganha seu dinheiro de forma suada sabe que o mesmo não deve ser investido ao sabor da sorte. Existe alguma estratégia de investimento que premia mais o esforço do que o talento e a inteligência, que são variáveis? Existe e ela está ao alcance de todos.

Caminhamos pelos centros das grandes cidades e vemos muita gente talentosa exibindo seus dons diante de uma lata com algumas moedas. O violinista parece mais virtuoso do que aquele que casou com a filha de um cantor sertanejo. Porém, ele não está no programa da TV recebendo aplausos. Ele está olhando para você, esperando que reconheça seu esforço a ponto de tirar uns trocados no bolso, num gesto de agradecimento por alguns acordes inspiradores.

O que diferencia um músico do outro? Aos ouvidos de um leigo, quase nada. Mas a sorte parece ter faltado para um e sobrado para o outro – ou será que foram os contatos com as pessoas certas, ou a falta deles, que resultou em oportunidades distintas?

Por vezes, o universo parece ser indiferente com as pessoas.

O melhor aluno da sala nem sempre é o melhor profissional do mercado de trabalho. O Doutor em Economia nem sempre consegue pagar as contas no fim do mês. Este pode viver em casa de aluguel e nem desconfiar que o dono dela já foi pedreiro por trinta anos – e sequer completou o ensino primário.

De algum modo, confundimos inteligência com instrução, e talento com garantia de sucesso. Somos educados para pensar assim, mas estamos errados.

Vincent van Gogh, nascido numa família holandesa de classe média alta, foi um fracasso em vida, embora a tenha dedicado à pintura, com mais de duas mil obras realizadas. Seu talento só foi reconhecido anos depois de seu passamento em 1890, a ponto dele ser considerado um gênio incompreendido de sua época.

O PREÇO DA REALIZAÇÃO

Inteligência e talento são fatores importantes? Sim. São decisivos? Nem sempre. Você já viu uma pessoa medíocre ocupando uma posição de destaque numa empresa ou numa repartição pública, pois seu grande trunfo era ser protegida por algum chefe ou cacique político? Você já espumou de raiva por causa disso? Eu também.

Em maior ou menor grau todos nós somos dotados com alguma inteligência e talento. Para o bem da sociedade, estas aptidões são distintas. Porém, o grande fator que diferencia as pessoas está na força de vontade.

É a força de vontade que permite a muita gente trabalhar em dois turnos e ainda cursar uma faculdade de noite. É a força de vontade que permitiu ao sujeito que passava fome no Vêneto se enfiar um transatlântico e descer no porto de Santos, sem saber em que sertão teria que arar a terra com uma enxada, antes de comprar o primeiro par de sapatos.

Quem cursa uma faculdade de noite ou troca de continente para ter uma vida melhor é movido inicialmente por um sonho. Sonhar é de graça. O que pode custar muito caro é a força de vontade – ou a falta dela – para realizar o sonho.

O INGREDIENTE COMUM DOS VENCEDORES

Somente uma boa ideia não é suficiente para uma empresa prosperar. É preciso reunir uma equipe competente e capaz de trabalhar incansavelmente para alcançar metas. Para cada Steve Jobs, de quantos funcionários devotados uma Apple precisa para ser uma das empresas com maior valor de mercado no mundo? Mais de 40 mil. Da quantidade vem a qualidade.

Quando a imprensa divulga estimativas sobre o patrimônio bilionário de grandes investidores do mercado financeiro, como Warren Buffett nos Estados Unidos e Luiz Barsi Filho no Brasil, é compreensível que muitos associem o perfil deles com o de pessoas inteligentes e talentosas.

Porém, basta estudar um pouco a biografia de ambos para constatar um traço de personalidade em comum: eles cultivaram a força de vontade por décadas, permitindo a eles serem parceiros de grandes empresas, mesmo quando elas atravessavam momentos de baixa nas cotações.

O motor de qualquer estratégia vencedora de investimentos é ter capital suficiente para fazer aportes recorrentes no mercado de capitais. Para quem ainda não colheu os primeiros dividendos para reinvestir, esse capital só fica disponível quando alguém consegue viver com menos do que ganha.

A PEDRA ANGULAR DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA

O princípio da educação financeira é justamente conseguir poupar dinheiro mensalmente. É preciso ter a inteligência acima da média para compreender isso? De modo algum. É preciso ter algum talento para conseguir isso? Só se for para manter o atual padrão de consumo e aumentar a renda no ofício. Mas este não é um aspecto fundamental.

O fundamental para economizar dinheiro é ter força de vontade. Saber que é preciso deixar de ir ao restaurante favorito uma vez por semana, para ir apenas uma vez ao mês, é fácil. Difícil é resistir à tentação e à comodidade da jantar fora de casa. Saber que a camisa polo de marca custas três vezes mais que a camisa genérica – e tão boa quanto – é fácil. Difícil é controlar a vaidade.

Se, para investir suas economias no mercado financeiro, as pessoas dependessem de muita inteligência e talento, então as empresas de capital aberto quebrariam uma após a outra, pois as bolsas de valores ao redor do mundo agregam pessoas de vários extratos da sociedade. Mesmo os grandes fundos de investimento também captam recursos de trabalhadores comuns.

PERSISTIR ATÉ CONSEGUIR

Uma das belezas do mercado de capitais é que, independente do talento e da capacidade intelectual das pessoas, ele vai premiar quem investe no longo prazo, com força de vontade, mesmo quando a estratégia for defensiva e conservadora, baseada em dividendos que são reinvestidos juntos com novos aportes, por anos a fio.

Professores, médicos, advogados, engenheiros, comerciantes, nutricionistas. Eles não possuem obrigação alguma de saber se a empresa A é melhor que a empresa B para investir. Eles são úteis para a sociedade se dedicando com afinco em seus ofícios. Se eles quiserem atuar como investidores, vão precisar de parte desse afinco para poupar recursos.

Eles não dispõem de tempo para fazer jogadas mirabolantes com alta rentabilidade e alto risco, capazes de levá-los ao Olimpo ou à sarjeta em questão de minutos. Por isso eles precisam investir no longo prazo, em ativos suportados por gente como eles: repleta de força de vontade.



Escrito por Jean Tosetto

segunda-feira, 19 de março de 2018

INVESTIDOR DE AÇÕES NO LONGO PRAZO

Não é fácil ser acionista de longo prazo

O gráfico abaixo representa a evolução das ações da Taesa (TAEE11) desde 2006, quando foram listadas na bolsa.


O acionista de Taesa, que adquiriu ações em 2006, deve estar feliz: conseguiu multiplicar por dez vezes o seu capital desde então. Poucos investimentos no planeta apresentaram esta rentabilidade neste período.

Porém, eu gostaria que você visse que em alguns momentos as ações ficaram sem se movimentar. De 2006 até 2009 as ações não saíram do lugar. De 2012 até 2016 as ações praticamente não saíram do lugar também.

Do período de 2006 até 2018, na maior parte do tempo as ações não saíram do lugar.

E mesmo assim de ponta a ponta as ações foram um excelente negócio.

Entende aonde eu quero chegar?

Imagine que você fosse acionista de Taesa em 2016 e suas ações estivessem durante quatro anos na mesma cotação. Como você se sentiria?

Nada testa a sua convicção no seu investimento como uma ação que cai ou que não sai do lugar.

Ter convicção no seu investimento é fácil quando ele está se valorizando.

Mas sua convicção vai ser testada nos momentos difíceis. Basta ficar um ano andando de lado que a maioria dos investidores já ficam desconfiados.

E não tem uma ação que eu conheça que ande sempre em linha reta para cima.

Mesmo as ações da Berkshire Hathaway, empresa de Warren Buffett, caíram 50% ou mais em quatro ocasiões durante os últimos 60 anos.

Como você lidaria com isso?

O investidor que não consegue ver suas ações ficarem um tempo sem performar, talvez não devesse estar investido no mercado acionário, porque cedo ou tarde as ações vão ficar sem performar. Eu posso garantir.

O mercado não anda em linha reta para cima. Você compra uma ação por R$10, depois ela cai para R$7 e depois vai para R$15 para depois ir para R$12. Em cada uma dessas quedas a grande maioria dos investidores vai sentir um desconforto.

Portanto, ser acionista é difícil. Muito difícil. Mesmo sendo acionista de empresas boas.

Veja o gráfico das melhores ações do Brasil, é normal encontrar quedas de 30%, 40% e 50%. Ambev, Itaú, Bradesco, Taesa. Todas essas ações tiveram momentos que não andaram ou perderam valor. E muitas vezes são períodos que duram anos.

Ao longo da sua trajetória como você vai se questionar toda vez que suas ações começarem a cair ou andarem de lado?

Nesses momentos uma voz interna vai te perguntar “o que eles sabem que eu não sei?”. Esta voz interna é perigosa, e pela minha experiência ela mais atrapalha do que ajuda.

Infelizmente a maioria dos investidores não vai resistir e vai vender suas ações quando elas caírem. Potencialmente vender na mínima.

O mercado de capitais é um mecanismo concentrador de renda, mas não porque ele é injusto.

 Ele é concentrador de renda porque a maioria das pessoas fica com medo e se desesperam quando o mercado anda contra suas convicções e vendem na baixa.

Só que para cada vendedor tem um comprador, e sabe quem é o comprador do outro lado da transação?

É o Warren Buffett ou pessoas que agem como ele.

E como não existe muitos “Warren Buffetts”, estes acabam ficando com o capital dos desesperados, que são a grande maioria.

Muitos desses desesperados que venderam na baixa, vão sair do mercado falando que é um cassino e que é feito para os “tubarões” ganharem.

E eu concordo.

Os “tubarões” ganham, mas não é porque existiu alguma desonestidade.

Eles ganham, pois são corajosos em momentos de stress de mercado. E é difícil ser comprador quando todos ao seu redor pregam o fim do mundo.

Buffett diz: venda quando os outros estão otimistas e compre quando os outros estão pessimistas.

Você pode ler esta frase cinquenta vezes, pode tatuar esta frase no braço e ver ela todo dia, mas você só vai se descobrir como investidor na hora que uma crise acontecer.

E é difícil ser um investidor que nada contra a maré.

No momento de maior pessimismo, você vai falar para os seus amigos que está comprando ações e seus amigos vão te chamar de louco.

Talvez sua esposa (ou marido) falará que você não deveria fazer isso com o dinheiro da família.

Como você vai lidar com esta situação?

Vai brigar com sua esposa e deixar de falar com seus amigos?

Não é uma tarefa fácil!

Infelizmente, talvez a melhor coisa a fazer seja não falar de investimento com eles.

Ser investidor de longo prazo é difícil, não é fácil.

A maioria para no meio do caminho, não por que não entendam de investimentos, mas porque não sabem lidar com os aspectos comportamentais e psicológicos necessários para vencer no mercado.

Tiago Reis | CEO e Fundador da Suno Research