sábado, 11 de junho de 2016

VIAGEM DE SANTARÉM À MANAUS

   
                                 
                      No dia seguinte às 9 horas da manhã, eu já estava nas docas para embarcar. Tinha comprado uma passagem por R$500,00 para ficar sozinho em um camarote. A pessoa que me vendeu a passagem, no dia anterior tinha me dito que o Navio Rondônia sairia às 10 horas. Embarquei às 10 da manhã, porém a embarcação só começou a navegar às 12:30 horas. Logo na entrada da embarcação já comecei a sentir saudades dos dois outros navios que eu havia viajado anteriormente. Diante da nova embarcação que iríamos até Manaus; as outras duas embarcações eram quase um transatlântico. O Rondônia era uma velharia enferrujada; extremamente suja, e muito desorganizado; o acesso dos passageiros para a parte superior da embarcação se dava em meio a montes de caixas de todo tipo de mercadoria; os passageiros, mais parecia uma manada de gado que estava sendo levado para um curral flutuante; tamanho era o desconforto dos passageiros e o descaso por parte da tripulação. O Rondônia é um dos maiores barcos que navegam pelos rios da Amazônia; porém se tivéssemos uma fiscalização séria por parte dos órgãos governamentais, ele já estaria fora de circulação. Alojei-me neste monte de sucata, e fui dar uma volta para conhecer melhor o ambiente; a única coisa que tinha de melhor neste barco em relação aos outros barcos, era o bar. O bar tinha uma área mais ampla e a dona do bar era uma senhora extremamente simpática; bebida muito gelada; tinha uns lanches bem gostosos e com cara de limpo, e musica alta como todos os outros; mesmo assim passei a maior parte da viagem no bar. A comida neste barco me parecia melhor que a dos outros; porém já no primeiro almoço que iria experimentar; mudei de idéia quando vi algumas baratas correndo pelo refeitório (rs). Achei melhor ficar com os lanches do bar, que estes pelo menos eu via como eram preparado.

                     A viagem de Santarém à Manaus não teve tantas emoções quanto às outras duas; não teve tempestade, e por esta embarcação ser bem maior, não balançou muito. Foram três dias e duas noites navegando na calmaria; subindo o Rio Amazonas lentamente; a paisagem como sempre, belíssima; como não teve tempestade, pude apreciar maravilhosos por do sol e amanheceres dignos de cartões postais; duas noites estreladas e com uma lua maravilhosa; conheci muitas pessoas interessantes; muita prosa de todo tipo; histórias de vida muito diferente uma das outras; entre tantas histórias; conheci o seu Zé Biguá; um maranhense de uns 65 anos, muito falante; disse que morava à 45 anos num vilarejo nas margens do Rio Negro quase na fronteira com a Colômbia; tinha ido visitar a mãe que morava no Maranhão, na qual fazia 30 anos que não a via; essa teria sido sua última visita para ver a mãe ainda viva; me disse também que só veio com o dinheiro da viagem de ida, que na volta estava parando de porto em porto fazendo uns bicos para poder comprar a passagem para o próximo porto, até chegar em casa novamente. Conheci o Roberto; um engenheiro de uns 40 anos; contou que depois de 10 anos casado, profissional bem sucedido e de família rica; decidiu largar tudo e se tornar um monge Hare Krishna; natural de Poços de Caldas, próximo a minha terra natal; estava viajando pela Amazônia divulgando sua religião. Conheci um casal de alemães que tinha um ano viajando pelo Brasil; disseram que estavam maravilhados com tudo que já haviam visto. Conheci dois senhores holandeses que também estavam conhecendo o Brasil; disseram que não estavam com vontade de voltar para a Holanda. Conheci também duas mulheres de Imperatriz do Maranhão que estavam indo trabalhar num cabaré em um garimpo em Roraima perto da fronteira com a Venezuela; segundo elas disseram, que enquanto o programa no maranhão valia R$70,00 reais; no garimpo eram dois gramas de ouro; acho que isso equivaleria a uns R$250,00 reais; que dentro de um ano voltariam ricas com Cem mil reais cada. Imaginei que a noção de riqueza é bem diferente de uma pessoa para outra. E assim entre um historia e outra, depois de aproximadamente 60 horas navegando pelo Rio Amazonas chegamos a Manaus.

                          Chegando a Manaus me hospedei num hotel bem no centro; perto do Teatro Amazonas. No outro dia sai para conhecer a cidade e logicamente conhecer o famoso e histórico Teatro Amazonas; do lado do Teatro encontrei um restaurante que se chama “Tambaqui de Banda”, onde serve o melhor tambaqui que já comi; o dono disse que é o melhor tambaqui do mundo. 

                  Conheci varias coisas em Manaus; o distrito industrial da zona franca, com suas grandes indústrias; a bela praia da ponta negra que fica as margens do Rio Negro; muito limpa e organizada; a enorme e moderna ponte sobre o Rio Negro; a Ponte Rio Negro liga a cidade de Manaus ao município de Iranduba; inaugurada em 24 de outubro de 2011, é a única ponte que atravessa o trecho brasileiro do Rio Negro; sendo considerada como a maior ponte fluvial e estaiada do Brasil; com 3,6 km de extensão (3.595 metros) simplesmente uma obra magnífica. O custo total da Ponte Rio Negro foi de 1,099 bilhão de reais.

                Andei pelo calçadão do comércio onde comprei um perfume francês um pouco mais barato do que tinha visto na internet. Depois de dois dias andejando pela grande cidade e admirando as antigas e monumentais construções do centro histórico, já era hora de colocar o pé na estrada novamente. Fui até a rodoviária e segui rumo a Boa Vista capital do estado de Roraima.


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